Estar grávida pode trazer uma série se emoções para a mulher, inclusive se sentir ansiosa ou estressada, o que é algo completamente normal. Mas, de qualquer forma, será que o estresse na gravidez faz mal?
O estresse é uma reação comum a uma grande mudança como a gravidez. Em alguns casos, ele pode até ser bom para as pessoas, já que pode forçá-la a agir diante de novos desafios, mas muito estresse pode ser esmagador e até levar a problemas de saúde, tanto para a mulher como para o bebê.
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O efeito do estresse no início da gravidez
Alguns especialistas acreditam que episódios prolongados de estresse severo, como por exemplo a perda de emprego, morte na família, entre outros, podem afetar negativamente a gravidez, causando complicações como o parto prematuro, baixo peso ao nascer e até mesmo distúrbios comportamentais e de sono nas crianças pequenas.
Porém, provavelmente o prazo de uma entrega no trabalho ou uma briga boba com algum parente não representam os mesmos riscos.
Alguns estudos mostraram que os efeitos do estresse crônico sobre o feto são mínimos e que uma mãe grávida tende a sofrer muito mais do que o bebê. Ou seja, o estresse na gravidez faz mal mais para a mãe do que para o bebê, podendo causar vários sintomas físicos como problemas de sono, digestivos, dores de cabeça, pressão alta e tensão muscular, por exemplo.
O importante é lembrar que todas as pessoas sentem estresse, e quando está grávida, é natural que cada emoção seja ainda mais intensa, tanto as boas como as ruins – e isso graças aos hormônios.
Quando você está estressada, seu corpo entra no modo “lutar ou fugir”, enviando uma explosão de cortisol e outros hormônios do estresse, que são os mesmos que surgem quando você está em perigo. Eles preparam você para correr enviando uma rajada de combustível para os seus músculos e fazem o seu coração bater mais rápido.
Se você puder lidar com o seu estresse e seguir em frente, sua resposta ao estresse diminuirá e seu corpo voltará ao equilíbrio, porém, de acordo com a Dra. Sudan Andrews, PhD, neuropsicóloga clínica e autora do livro Stress Solutions for Pregnant Moms, How Breaking Free From Stress Can Boost Your Baby’s Potential (Mamães Grávidas: Como se libertar do estresse pode aumentar o potencial do seu bebê), “o tipo de estresse que é realmente prejudicial é o que não diminui”. Na verdade, o estresse constante pode alterar o sistema de gerenciamento de estresse do seu corpo, fazendo com que ele reaja exageradamente e desencadeie uma resposta inflamatória.
Um estudo realizado em 2015 e publicado na Endocrinology descobriu que o estresse no primeiro trimestre pode realmente afetar os micróbios que residem na vagina de uma mulher grávida. Esses micróbios são transferidos para o recém-nascido durante o parto vaginal, resultando em alterações no microbioma intestinal e no desenvolvimento do cérebro.
Por sua vez, os micróbios afetados afetam o sistema imunológico e o metabolismo da criança. Os cientistas acreditam que a microbiota intestinal alterada está ligada a um maior risco de distúrbios do neurodesenvolvimento, incluindo autismo e esquizofrenia.
Esses efeitos foram observados em um laboratório na Universidade da Pensilvânia em camundongos prenhes que tiveram que suportar alguns estressores como ruídos estranhos, odores de predadores e estarem presos. Isso tudo ocorreu durante a gestação precoce, ou o que pode ser considerado o primeiro trimestre.
“Estes resultados sugerem que o estresse pode exercer um efeito sobre o desenvolvimento da prole bem antes que a mulher descubra que está grávida”, disse o pesquisador de pós-doutorado e autor do estudo, Eldin Jašarević. “Nossas descobertas são consistentes com estudos epidemiológicos que indicam que o primeiro trimestre é um período crítico e dinâmico para uma variedade de fatores ambientais, como estresse, desnutrição e infecção, que têm sido associados a um aumento do risco de distúrbios do neurodesenvolvimento, como autismo, TDAH e esquizofrenia”.
Alguns dos trabalhos anteriores da equipe também analisaram o estresse durante o meio e o final da gravidez, mas não acharam esses períodos tão vulneráveis.
Problemas de estresse e o sono do bebê
De acordo com uma pesquisa publicada na revista Early Human Development, mulheres que estão ansiosas ou deprimidas durante a gravidez são quase 40% mais propensas a terem bebês que desenvolvem distúrbios de sono do que as mulheres que não são, e isso provavelmente ocorre devido ao cortisol, o hormônio do estresse, que inunda o corpo quando você se sente excessivamente estressada.
“Esse produto químico pode atravessar a placenta, afetando a parte do cérebro que regula os ciclos do sono de vigília de uma criança”, disse o autor do estudo Thomas O’Connor, PhD, professor associado de psiquiatria da University of Rochester Medical Center. “Sabemos que o sono da criança é muitas vezes uma medida importante do desenvolvimento saudável, por isso é crucial que as mulheres prestem atenção aos altos níveis de estresse que podem, por fim, desencadear ansiedade e depressão crônicas”.
Estresse materno e o cérebro fetal
O estresse crônico também pode contribuir para sutis diferenças no desenvolvimento do cérebro, que podem levar a problemas comportamentais à medida que o bebê cresce.
A pesquisa nesta área ainda é recente, e os médicos ainda precisam descobrir se o estresse na gravidez faz mal mesmo neste sentido.
Mesmo assim, é um fator importante para as mulheres grávidas considerarem, especialmente se elas estão lidando com o estresse crônico, como por exemplo, devido a problemas financeiros ou de relacionamento.
Alívio do estresse durante a gravidez
Às vezes, falar com outra mulher grávida ou mãe pode ajudar, bem como anotar os pensamentos que estão te mantendo acordada durante a noite, pois isso pode fazer com que você adote uma abordagem mais proativa para resolver os seus problemas.
Você também pode querer considerar fazer yoga pré-natal, que não é apenas relaxante, mas uma ótima maneira de ficar em forma e saudável. O importante é encontrar algo que funcione para você, mesmo que seja tão simples quanto fechar os olhos e respirar fundo algumas vezes ou fazer uma pequena caminhada em seu horário de almoço para limpar a mente.
Como toda mulher sente o estresse de forma diferente, é importante conhecer si mesma e seus limites. Se você começar a sentir sintomas com os quais não consegue lidar, como se sentir preocupada o tempo todo, perder o interesse em sua vida, desespero, dormir ou comer mais ou menos do que o habitual ou ter dificuldade em se concentrar, avise o seu médico. Estes podem ser sinais de depressão ou de um distúrbio de ansiedade. Estas condições afetam mais de 10% das mulheres grávidas e devem ser tratadas imediatamente.
Referências Adicionais:
- https://www.webmd.com/baby/features/stress-marks#1
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5052760/
- https://www.apa.org/monitor/2018/06/stress-pregnancy
- https://www.researchgate.net/publication/221763563_Anxiety_depression_and_stress_in_pregnancy_Implications_for_mothers_children_research_and_practice
Você já se perguntou se estresse na gravidez faz mal? Conhece alguém que já sofreu por isso ou você mesma está passando? Comente abaixo!
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