Embora possa trazer benefícios para a saúde por participar do processo de crescimento celular e tecidual de várias partes do organismo, o IGF-1 é um hormônio que pode causar problemas se presente em grandes quantidades.
Logo abaixo, vamos entender o que é o IGF-1, qual sua função e como ele pode beneficiar ou prejudicar o corpo de acordo com os níveis hormonais. Além disso, vamos mostrar detalhes sobre o exame e dicas de como lidar com o IGF-1 alto ou baixo demais.
IGF-1 – O que é?
O IGF-1, conhecido também como fator de crescimento semelhante à insulina 1, é um hormônio complexo naturalmente produzido principalmente pelo fígado que pode trazer tanto benefícios como malefícios para o corpo, dependendo da quantidade presente no organismo.
Há um tempo atrás, esse hormônio era chamado de somatomedina por ser um hormônio peptídeo da família das somatomedinas.
A principal função do IGF-1 no corpo é promover a hipertrofia – o aumento do tecido muscular – e a hiperplasia – o aumento da quantidade de células. Ou seja, ele é um fator de crescimento que ajuda a controlar a secreção do hormônio do crescimento na glândula pituitária, atuando assim na construção de tecidos e células incluindo o fator de crescimento epidérmico, o fator de crescimento nervoso e o fator de crescimento derivado de plaquetas. Além da massa muscular, ele também atua no tecido ósseo.
Outra função é ajudar na manutenção dos níveis de açúcar no sangue por atuar de forma muito semelhante à insulina devido a suas estruturas serem muito parecidas. Essa semelhança faz com que em níveis altos de IGF-1, o hormônio desempenhe as mesmas funções que a insulina ou trabalhe em conjunto com ela para diminuir os níveis de glicose sanguínea rapidamente.
O IGF-1 é capaz de promover efeitos antienvelhecimento e de aumento de desempenho físico, auxiliando na construção e retenção de massa muscular e de massa óssea. No entanto, segundo estudo de 2001 publicado no periódico científico The Proceedings of the Nutrition Society, IGF-1 alto no organismo pode estar relacionado a um maior risco de desenvolver alguns tipos de câncer e na redução da expectativa de vida.
Alguns benefícios do IGF-1
O IGF-1, quando em quantidades adequadas, pode trazer benefícios como:
- Prevenção da perda de massa muscular;
- Regulação dos níveis de gordura corporal;
- Construção de ossos e proteção contra perda óssea;
- Regulação dos níveis de açúcar no sangue e na diminuição dos fatores de risco para a diabetes;
- Crescimento e desenvolvimento em crianças;
- Construção de massa muscular e aumento de força;
- Proteção da saúde cognitiva e atuação contra doenças neurológicas ou perda de células cerebrais;
- Prevenção do enfraquecimento da pele;
- Aumento da força.
Malefícios do IGF-1
Baixas quantidades IGF-1 desde o nascimento podem afetar a estatura de uma criança e o seu pleno desenvolvimento.
Se houver muito IGF-1 no sangue, o risco de desenvolver alguns tipos de câncer pode aumentar e segundo estudos feitos em animais, o hormônio em excesso pode resultar em uma redução do tempo de vida. Porém, alguns especialistas têm associado o IGF-1 com a redução de respostas inflamatórias e o combate ao estresse oxidativo, o que pode ser muito benéfico para a longevidade.
Desta forma, os estudos existentes na área ainda não são conclusivos o suficiente para afirmar se o IGF-1 aumenta ou reduz a expectativa de vida.
IGF-1 alto ou baixo demais
O exame de IGF-1 serve para verificar como estão os níveis desse hormônio no corpo quando há suspeita de distúrbios ou tumores na glândula pituitária. O ideal é que tenhamos um nível normal ou moderado de IGF-1 no organismo, sendo que qualquer excesso ou deficiência pode ser prejudicial.
É normal que os homens apresentem níveis um pouco mais altos de IGF-1 do que as mulheres. Além disso, adolescente costumam ter uma quantidade maior de IGF-1 que vai diminuindo no decorrer da vida adulta.
Segundo a Mayo Clinic, o intervalo de referência normal para IGF-1 de acordo com a idade é a seguinte:
Idade | Intervalo normal de IGF-1 (nanogramas / mililitro de sangue) |
0 a 3 anos | 18 a 229 |
4 a 8 anos | 30 a 356 |
8 a 13 anos | 61 a 589 |
14 a 22 anos | 91 a 442 |
23 a 25 anos | 99 a 310 |
36 a 50 anos | 48 a 259 |
51 a 65 anos | 37 a 220 |
66 a 80 anos | 33 a 192 |
81 a 91 anos | 32 a 173 |
Os valores mencionados acima podem variar dependendo do método de análise e do laboratório em que realizou o exame. Os resultados do teste podem indicar que há uma doença hepática, que a diabetes não está bem controlada ou que a pessoa sofre de hipotireoidismo.
Nem sempre alterações leves nesse exame indicam que algo está errado. Por isso, sempre discuta os resultados e os sintomas observados com seu médico antes de tirar qualquer conclusão precipitada.
Níveis altos de IGF-1 podem aumentar o risco de câncer colorretal, de próstata e de mama, mas ainda não há estudos completos sobre o assunto. Estudos mostram que pessoas com IGF-1 alto apresentam maior risco de desenvolver problemas cardiovasculares e diabetes, além de possivelmente estar associado a uma menor expectativa de vida.
Quantidades muito altas de IGF-1 no sangue também podem indicar uma síndrome chamada de acromegalia ou gigantismo. A acromegalia é um crescimento excessivo de qualquer tecido do corpo. Quando essa condição é detectada desde o nascimento, é chamada de gigantismo. Se o problema se desenvolver na idade adulta, é conhecida como acromegalia.
Suplemento
Devido ao seu possível efeito de aumentar o desempenho físico, muitas pessoas procuram o IGF-1 como suplemento. No entanto, o uso desse hormônio como suplemento não é indicado devido ao risco de alguns efeitos colaterais mencionados a seguir:
- Dor muscular grave;
- Edema retiniano;
- Dor ou paralisia no nervo facial;
- Palpitações cardíacas;
- Fadiga;
- Episódios de hipoglicemia;
- Inchaço nas mãos;
- Problemas cardíacos;
- Alteração no metabolismo da glicose.
Se você deseja aumentar os níveis de IGF-1 no organismo, o ideal é usar alimentos naturais e outras técnicas que podem ajudar a elevar a quantidade do hormônio naturalmente.
O único caso em que a suplementação com IGF-1 é realmente necessária é quando uma criança ou adolescente apresenta graves problemas de desenvolvimento. Ainda assim, o tratamento deve ser acompanhado por um profissional da saúde capacitado para regular as doses da maneira correta.
Como aumentar os níveis de IGF-1
Em geral, é possível aumentar a produção de IGF-1 ao comer uma dieta saudável com quantidades moderadas de proteína e com baixo consumo de açúcar e carboidratos processados. Alguns estudos mostram que ingerir proteínas e laticínios ajudam a aumentar os níveis de IGF-1.
A ingestão de mais calorias do que você está acostumado e de alimentos e suplementos como os mencionados abaixo podem aumentar a quantidade IGF-1 no organismo:
- Vitamina C;
- Laticínios e outras fontes de cálcio;
- Caseína;
- Terapias hormonais como hormônio do crescimento, estradiol ou prolactina dependendo do caso;
- Leucina;
- Zinco;
- Magnésio;
- Selênio;
- Carnitina.
Começar a praticar exercícios físicos intensos e extenuantes como os treinos HIIT, por exemplo, estimula a liberação de hormônio de crescimento. No entanto, uma vez que o corpo se adapta a esse tipo de exercício, esse método para aumentar o IGF-1 não deve funcionar mais.
Treinos de força e de resistência também ajudam a aumentar os níveis de IGF-1 e a reter a massa muscular.
Dormir bem e por tempo suficiente para repor as energias também é essencial para a produção de hormônios de crescimento. Além disso, a qualidade do sono ajuda a regular a saúde neurológica, a controlar o apetite e a promover uma recuperação mais rápida e eficiente após o exercício.
Como reduzir os níveis de IGF-1
Por outro lado, estudos indicam que ingerir gordura saturada pode reduzir os níveis de IGF-1 assim como o jejum e as dietas restritivas podem resultar na queda dos níveis de IGF-1, já que nesses casos o corpo não tem energia suficiente para construir novos tecidos.
Embora esses níveis sejam elevados quando a pessoa se alimentar após um longo período de jejum, eles não voltam ao mesmo nível de antes imediatamente. Além disso, não é uma opção saudável consumir grandes porções de gordura saturada e ficar em jejum para diminuir o IGF-1 alto.
Diminuir os níveis de IGF-1 é mais difícil do que aumentar porque geralmente é necessário um tratamento específico para inibir a superprodução do hormônio ou a realização de cirurgias para remover tumores que podem ser a causa do problema. Mas há algumas medidas que você pode fazer para tentar reverter esse quadro, como:
- Restringir a ingestão calórica;
- Ingerir carboidratos e legumes;
- Restringir o consumo de proteínas;
- Fazer caminhadas;
- Usar suplementos e alimentos ricos em glucosamina, a curcumina, a apigenina, a genisteína, o licopeno, a luteolina e o resveratrol.
Alguns alimentos que podem ajudar a diminuir esses níveis são o chá verde, que é rico em polifenóis, e frutas como tomates e melancia, que contêm quantidades significativas do antioxidante licopeno.
Alguns estudos indicam que o consumo moderado de álcool pode ajudar a reduzir os níveis de IGF-1, porém mais pesquisas ainda são necessárias.
Mais dicas para IGF-1 alto ou baixo demais
Apesar de o IGF-1 ser usado como suplemento por algumas pessoas para aumentar o volume muscular, diminuir a gordura corporal e reduzir a quebra de células musculares, não há evidências contundentes de que o uso dessa maneira melhora o desempenho atlético. Além disso, há o risco de efeitos adversos com o uso exagerado.
Algumas pessoas usam o IGF-1 como um tratamento alternativo à diabetes. Porém, não é indicado fazer isso sem orientação médica.
Assim, o indicado é só usar suplementos ou aumentar a ingestão de alimentos que elevam os níveis de IGF-1 no corpo quando recomendado por um médico.
Se você precisa aumentar os níveis de IGF-1, é importante tentar primeiro os métodos naturais para almejar esse objetivo como praticar atividades físicas e prestar atenção especial à alimentação. Somente se isso não der certo, deve-se recorrer ao uso de suplementos sob orientação médica.
Já as pessoas que apresentam excesso de IGF-1 precisam compreender a causa do problema para iniciar o tratamento mais adequado que pode envolver uma cirurgia ou o uso de medicamentos específicos.
Referências Adicionais:
- http://care.diabetesjournals.org/content/diacare/33/10/2257.full.pdf
- https://www.usada.org/igf-1-and-the-world-anti-doping-agency-prohibited-list/
- http://www.nationaldrugstrategy.gov.au/internet/drugstrategy/Publishing.nsf/content/fs-igf
- https://news.harvard.edu/gazette/story/1999/04/growth-factor-raises-cancer-risk/
- https://www.urmc.rochester.edu/encyclopedia/content.aspx?contenttypeid=167&contentid=insulin_like_growth_factor
- https://erc.bioscientifica.com/view/journals/erc/19/5/F27.xml
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19198769
- https://www.dietvsdisease.org/igf-1-hormone-supplement/
Você já foi diagnosticado com IGF-1 alto ou baixo demais? Que tipo de tratamento ou suplemento o médico recomendou? Comente abaixo!
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