O estômago é um órgão muscular que fica localizado no lado esquerdo da parte superior do abdômen e uma de suas responsabilidades é receber os alimentos que chegam do esôfago.
Esse órgão secreta ácidos e enzimas que digerem os alimentos e seus músculos são contraídos periodicamente, movimentando os alimentos ali presentes para reforçar o processo de digestão.
Quando encontra-se vazio, o interior do estômago tem pequenas dobras, que permitem que o órgão seja expandido para acomodar refeições grandes e aderem os alimentos dentro do estômago para permitir que eles sejam decompostos.
O estômago segura os alimentos ingeridos durante três a cinco horas, antes de passá-los adiante no trato digestivo.
Será que comer pouco diminui o estômago?
O estômago é um órgão elástico, que tem um volume de somente 50 mililitros, porém pode ter a sua capacidade elevada em 80 vezes. Isso corresponde ao consumo de 3 ou 4 litros de alimentos.
Já quando a pessoa vai além desse limite de capacidade suportado pelo estômago, o resultado pode ser o vômito. Ou seja, resumidamente, quando comemos muito, o órgão tem o seu volume aumentado até um determinado ponto. Mas será que o processo inverso também acontece?
Já vimos aqui que o grande papel do estômago é receber os alimentos ingeridos e trabalhar no seu processo de digestão. Então, será que é verdade que o ato de comer pouco diminui o estômago, baseando-se na suposição que ao fazer isso, o órgão não tem muito trabalho a realizar? Ou isso não é verdade?
A teoria por trás dessa ideia também prega que ao comer pouco, o estômago diminui de tamanho, abriga menos alimentos e faz com que a pessoa fique saciada por mais tempo, sinta menos fome entre as refeições e consiga emagrecer.
Por mais que essa ideia pareça atraente, alertamos que para ter a possibilidade de que isso funcione dessa maneira, seria necessário ingerir muito pouca comida mesmo, o que é totalmente inviável para a nossa saúde.
Uma pesquisa publicada no American Journal of Clinical Nutrition (Jornal Americano de Nutrição Clínica, tradução livre) mostrou que pacientes obesos conseguiram diminuir o tamanho dos seus estômagos em 27% dentro de um período de quatro semanas através de um consumo de somente 600 calorias diariamente.
De acordo com a publicação, isso corresponde à metade do mínimo de calorias que uma mulher deve consumir quando se encontra em um processo de emagrecimento. Não dá para aderir a uma dieta com um teor tão baixo de calorias como essa – a não ser que haja uma indicação específica do médico, obviamente – porque isso pode trazer uma série de problemas.
Os perigos de uma dieta de 600 calorias
Uma alimentação tão restrita como essa dificulta o fornecimento de nutrientes e energia ao organismo para que ele funcione como deve. Problemas como gota, distúrbios associados à desnutrição, desequilíbrio de eletrólitos, osteoporose e até mesmo a morte súbita (em casos extremos) podem ocorrer em decorrência de uma dieta de baixas calorias.
Consumir menos de 1200 calorias diariamente pode causar problemas como fraqueza, intolerância ao frio, fadiga, irregularidade no período menstrual, prisão de ventre e inchaço das mãos e dos pés, como consta no livro Nutrition, Exercise, and Behavior: An Integrated Approach to Weight Management (Nutrição, Exercício e Comportamento: Uma Abordagem Integrada ao Controle do Peso, tradução livre).
De acordo com estudos, a dieta de baixa caloria força o corpo a queimar músculo no lugar de gordura, o que desacelera a taxa metabólica, dificultando a perda de peso.
Como se não bastasse, é provável que uma pessoa não permaneça por muito tempo na dieta com poucas calorias e, ao retornar para os seus hábitos alimentares, certamente recuperará o peso perdido.
Fazer uma dieta de baixa calorias sem supervisão também pode provocar problemas como anemia, imunidade baixa, infertilidade e dificuldade de concentração.
Com tudo isso, também podemos concluir que uma dieta tão pobre em calorias não seja apropriada para mulheres que estejam grávidas ou amamentando, adolescentes, idosos, crianças e pessoas que tenham algum tipo de doença ou condição específica de saúde.
Comer pouco diminui o estômago e ajuda a emagrecer? Parece que não funciona bem assim
O médico gastroenterologista James Lee disse que mesmo que ao consumir pouquíssimas calorias, a pessoa tenha o seu estômago reduzido e sacie-se mais rapidamente, não é provável que ela se sinta menos faminta ao longo do dia.
James explicou que as substâncias químicas responsáveis pelo controle do apetite, como a leptina e a grelina, são elevadas nos organismos das pessoas que passam por uma privação alimentar como em uma dieta de restrição de calorias que seria necessária para diminuir o tamanho do estômago.
O gastroenterologista afirmou ainda que a pessoa pode sentir-se ainda mais faminta com um estômago encolhido e que os resultados obtidos por restringir a dieta certamente serão um tiro pela culatra.
Segundo James, somente entre 5% a 10% dos indivíduos que se submetem a essas dietas restritivas conseguem manter a perda de peso em longo prazo, e ressaltou que a maioria dessas pessoas recupera o peso perdido ou até mais.
“O tamanho do estômago não é o fator mais importante na perda de peso”, afirmou o gastroenterologista James Lee.
De acordo com ele, o conselho é importar-se menos em lutar contra a anatomia do estômago e mais em fazer com que os hormônios que regulam o apetite trabalhem a seu favor. Para isso, James aconselha consumir fibras e proteínas, nutrientes que estão associados ao aumento de hormônios e peptídeos que estimulam a saciedade.
Conforme o gastroenterologista, evitar que o estômago fique completamente vazio também pode prevenir a comilança em excesso. “Fazer refeições pequenas frequentemente e ter no mínimo sete horas de sono por noite ajudará a controlar os níveis de substâncias químicas associadas à fome”, completou o médico.
Com tudo isso em mente, se você necessita e/ou deseja perder peso, procure ajuda profissional de médico e nutricionista para encontrar uma alimentação que permita que você emagreça e mantenha o peso perdido, além de não prejudicar a sua saúde.
Referências adicionais: https://www.webmd.com/digestive-disorders/picture-of-the-stomach#1
Você pensava que era verdade que comer pouco diminui o estômago? O que achou das dicas e recomendações dadas pelo médico? Comente abaixo!
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