O celular é, muito provavelmente, a última coisa que você vê antes de dormir — e a primeira ao acordar. Como saber se é dependência do celular? Se você desconfia que está viciado no aparelhinho, já é uma dica de que a sua relação com ele não é das mais saudáveis. Quer saber quais são os outros sintomas e como aliviar essa compulsão? O psiquiatra Henrique Bottura, da Clínica de Psiquiatria Paulista e colaborador do ambulatório de impulsividade do Hospital das Clínicas de São Paulo, ajuda:
Afinal, vício em celular realmente existe?
Segundo o especialista, do ponto de vista formal, a ciência ainda não categorizou o problema como uma doença ou transtorno. Mas se fosse para dar uma definição, ele diria que o vício em celular é uma dependência em nível comportamental.
Como a compulsão por apostas e jogos de azar. “Quando falamos em celular, existe um universo de vícios de acordo com cada plataforma: Whatsapp, mídias sociais e jogos online, por exemplo. E apesar de ainda não conceituarmos o vício em celular como uma doença, existem muitas evidências que indicam que podemos estar dependentes dele”, o psiquiatra explica.
Infelizmente, é quase impossível viver sem o aparelho hoje em dia. Ele funciona como uma extensão do nosso corpo, pode tornar as tarefas diárias mais fáceis e ainda nos proteger de alguma situação de risco. É por isso que muita gente fala em (e até sente) nomofobia — “no mobile phone phobia” em inglês. Trata-se do pânico em pensar na possibilidade de ficarmos sem a tecnologia.
Mas quais são os sintomas do vício em celular?
Henrique afirma que todo comportamento dependente tem três sinais muito importantes. O primeiro deles diz respeito à perda de controle. Se você vive dizendo que vai ficar mais quinze minutos no celular e, quando percebe, já passaram horas, fique atento. “É muito comum a pessoa entrar em looping. E ficar rodando entre as redes sociais mesmo depois de já ter checado todas”, diz o especialista.
O segundo sintoma é mais uma resposta do corpo à dependência. Funciona assim: cada vez que você usa a tecnologia, sente uma satisfação imensa. O problema é que precisa de cada vez mais tempo mergulhado nela para ficar satisfeito — e se fica sem, sente uma angústia imensa.
Já o terceiro sinal acontece quando você percebe que o tempo que passa no celular está te trazendo problemas (como menos momentos com a família e amigos, risco de acidentes no trânsito), mas, mesmo assim, não consegue deixar os hábitos de lado. “Vale levar em consideração o que os outros estão falando sobre o seu comportamento. Peça feedbacks de pessoas próximas a você, elas poderão te ajudar a identificar a dependência”, ressalva o especialista
Quais as consequências?
São muitas e bem sérias. O comprometimento do sono, por exemplo, pode te deixar mais estressado, gerar dores nas costas e até te fazer comer mais, sabia?
Depois, ainda tem as questões sociais. Como falta de tempo para encontros e festas com os amigos, perda de foco e produtividade no trabalho, diminuição da interação com pessoas a sua volta e maiores riscos de acidentes e quedas.
Mas como resolver o problema?
Até o médico concorda: não é preciso abandonar de vez o celular. Até porque não dá, não é mesmo? Mas é preciso adotar alguns hábitos, como desligar o aparelho antes de dormir, e não pegá-lo imediatamente ao acordar.
“Faça a conta aproximada de quanto tempo você está passando com o aparelho. E tente diminuir aos poucos. Compre um despertador e abandone essa função no celular. Bloqueie notificações. Desse modo, você não se distrai ao receber uma mensagem”, Henrique finaliza.
Dependência do celular. Será que você corre esse risco? Publicado primeiro em https://boaforma.abril.com.br/
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