Diabetes e colesterol estão relacionados em vários aspectos. Os cientistas estão descobrindo evidências de que a diabetes causa problemas no colesterol, aumentando significativamente a probabilidade de um ataque cardíaco ou derrame. Os laços estreitos entre esses dois fatores de risco significam que, se você é diabético, precisa estar extremamente atento para controlar o colesterol.
A maioria dos adultos com diabetes tipo 1 e 2 apresenta um alto risco de doenças cardíacas, e pessoas com diabetes têm um risco maior de desenvolver essas doenças, mesmo que o colesterol LDL, conhecido como colesterol “ruim” (lipoproteína de baixa densidade), seja “normal”. Se esse colesterol estiver elevado, elas correm um risco ainda maior.
Estudo demonstra ligação entre diabetes e colesterol
De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford e financiada pela British Heart Foundation, ambas do Reino Unido, acredita-se que o aumento no risco em desenvolver diabetes tipo 2 durante o tratamento com estatina, remédio para baixar o colesterol, pode na verdade ser uma consequência da pessoa ter baixado o colesterol em vez de ser um efeito do remédio, pois esse estudo descobriu que pessoas com genes predispostos a terem níveis mais baixos de lipoproteína de baixa densidade (LDL) tiveram uma diminuição do risco de doença cardíaca e um aumento do risco de diabetes.
Os pesquisadores usaram grandes conjuntos de dados de informações genéticas para investigar os possíveis efeitos de dois tipos de colesterol, a lipoproteína de baixa densidade (LDL) e lipoproteína de alta densidade (HDL) e também os triglicerídeos (uma forma de gordura ingerida através da alimentação) sobre o risco de uma pessoa desenvolver doenças cardíacas e diabetes.
A fim de verificar se os níveis de colesterol ou triglicerídeos estavam associados a doenças cardíacas e risco de diabetes, os pesquisadores compararam as taxas de doenças cardíacas e diabetes em pessoas com e sem variações naturais em genes conhecidos por afetar os níveis de colesterol e triglicérides no sangue.
Níveis de colesterol e o risco de diabetes
Os pesquisadores descobriram que os indivíduos com variações genéticas que aumentam seus níveis de colesterol LDL ou triglicérides sofriam risco maior de doenças cardíacas. Também descobriram que os indivíduos com variações genéticas que aumentam o colesterol LDL ou HDL e, possivelmente, os níveis de triglicérides, estavam com um risco ligeiramente menor de ter diabetes.
Os resultados deste estudo que foi publicado na revista acadêmica JAMA Cardiology confirmam os resultados de muitos estudos anteriores que mostraram que o aumento dos níveis de colesterol LDL aumenta a probabilidade da pessoa sofrer um ataque cardíaco ou derrame. Eles também explicam por que estudos anteriores mostraram que há um modesto aumento no risco de desenvolver diabetes entre pessoas que tomam estatinas.
No entanto, é bem conhecido que o efeito protetor das estatinas na doença cardíaca e no AVC supera substancialmente esse modesto aumento no risco de diabetes. Os pesquisadores confirmam que as diretrizes clínicas sobre o uso de estatinas não devem mudar, mas os médicos devem estar atentos ao monitoramento dos pacientes quanto ao risco de desenvolver diabetes.
Eles acreditam que mais pesquisas são necessárias para descobrir exatamente como um aumento no colesterol LDL no sangue protege a pessoa contra o diabetes, embora aumente o risco de sofrer com doenças cardíacas. Michael Holmes, Pesquisador Clínico Sênior da Universidade de Oxford, responsável por liderar essa pesquisa disse: “O que mostramos neste estudo é que o papel desempenhado pelos níveis de lipídios no sangue na doença é complexo.”
“Embora o efeito de tomar medicamentos para baixar o colesterol LDL, como as estatinas, aumente ligeiramente o risco de uma pessoa desenvolver diabetes, esse efeito é muito compensado por seus benefícios na forma de evitar que as pessoas sofram um ataque cardíaco ou derrame cerebral. Esse estudo forneceu mais evidências de que o aumento do colesterol HDL pode não ser benéfico para doenças cardíacas. De interesse inovador, nossas descobertas sugerem que poderia haver um papel potencial para terapias que aumentam o colesterol HDL no tratamento e na prevenção de diabetes.”
O professor Jeremy Pearson, Diretor Médico Associado da Fundação Britânica do Coração, que financiou a pesquisa disse: “Este estudo genético cuidadosamente conduzido em larga escala relata vários novos e interessantes resultados sobre as relações entre os níveis de diferentes lipídios no sangue e o risco de desenvolver doenças cardíacas ou diabetes.”
Ele continua: “Uma descoberta importante é que os paciente com níveis de colesterol LDL naturalmente mais baixos, semelhantes aos que tomam estatina, têm um risco ligeiramente aumentado de diabetes, indicando que o risco está relacionado aos níveis de LDL e não a qualquer efeito isolado da estatina.”
Ligação ente insulina e colesterol
Pesquisadores ainda estão descobrindo exatamente a relação entre diabetes e colesterol no nível celular microscópico, mas eles sabem que altos níveis de insulina no sangue tendem a afetar negativamente o número de partículas no sangue.
Altos níveis de insulina agem para aumentar a quantidade de colesterol LDL – “ruim”, que tende a formar placas nas artérias e diminuir o número de partículas de colesterol HDL – “bom”, que ajudam a eliminar placas perigosas antes que elas quebrem, causando níveis mais elevados de triglicerídeos.
Da mesma forma, o colesterol alto também pode ser um preditor de diabetes; níveis elevados de colesterol são frequentemente vistos em pessoas com resistência à insulina, mesmo antes de desenvolverem diabetes. Quando os níveis de LDL começam a subir, os especialistas recomendam que as pessoas prestem muita atenção ao controle de açúcar no sangue e iniciem um regime de dieta para ajudar a evitar diabetes e doenças cardiovasculares, juntamente com exercícios físicos, o que é especialmente importante se tiver um histórico familiar de doenças cardíacas.
Para pessoas com diabetes tipo 1, controlar o açúcar no sangue pode fazer uma grande diferença. O bom controle do açúcar no sangue está relacionado aos níveis de colesterol quase normais, semelhantes aos observados em pessoas sem diabetes, mas pessoas com diabetes tipo 1 mal controlada aumentaram os níveis de triglicérides e reduziram os níveis de HDL, o que contribui para o desenvolvimento de artérias obstruídas.
Diabetes tipo 2: risco especialmente alto de colesterol alto
Pessoas com diabetes tipo 2, independentemente do controle de açúcar no sangue, tendem a ter um aumento de triglicerídeos, diminuição do HDL, e às vezes, aumento do LDL. Este perfil de colesterol pode persistir mesmo se os níveis de açúcar no sangue estiverem sob controle – apontando para uma probabilidade ainda maior de desenvolvimento de placas.
De fato, placas formadas nas artérias de pessoas com diabetes tipo 2 são frequentemente mais gordurosas e menos fibrosas do que em pessoas com diabetes tipo 1, levando a um risco ainda maior de desalojamento da placa, causando um ataque cardíaco ou derrame.
A Associação Americana de Diabetes recomenda a verificação dos níveis de colesterol pelo menos uma vez por ano, ou mais frequentemente se eles são altos e não controlados por medicação. Para pessoas com diabetes e sem doença cardíaca coronária, recomenda-se que os níveis de LDL no sangue sejam inferiores a 100 miligramas por decilitro (mg/dl), os níveis de HDL sejam superiores a 50 mg/dl e triglicérides abaixo de 150 mg/dl. Os níveis de açúcar no sangue recomendado, ou glicose, é inferior a 7% (<7%) no teste HA1C.
Para pessoas com diabetes e doença coronariana, incluindo artérias entupidas ou um ataque cardíaco prévio, recomenda-se o LDL abaixo de 70 mg/dl. Atingir essa meta de LDL muito baixa pode exigir altas doses de estatina, mas é comprovado que reduz significativamente o risco de ataque cardíaco.
Os níveis de triglicérides devem estar abaixo de 150 mg/dl e o HDL acima de 40 mg/dl. Recomenda-se que mulheres com diabetes e doença coronariana apresentem níveis de HDL acima de 50 mg/dl.
Dicas e cuidados para evitar ou tratar diabetes e colesterol alto
Gerenciar uma condição médica pode ser um grande desafio, e se você tem que gerenciar diabetes e colesterol alto, isso pode ser um pouco confuso. Uma dieta para diabetes também funciona para colesterol alto? E quanto ao exercício físico? Se tiver essas duas condições, precisa se exercitar mais?
O principal objetivo é reduzir o risco de doença cardíaca e derrame. Se você seguir essas dicas, estará dando ao seu corpo o que ele precisa para se manter saudável e ativo.
1. Siga os conselhos padrões de saúde
Existem algumas escolhas de estilo de vida bem conhecidas que reduzem claramente o risco de doença cardiovascular. Você provavelmente conhece tudo isso, mas certifique-se de estar fazendo tudo o que puder para segui-los:
- Não fume ou pare de fumar.
- Mantenha um peso saudável ou se for preciso perca peso.
- Tome todos os seus medicamentos conforme prescrição médica.
2. Preste atenção nos números
É muito importante observar seus níveis de açúcar no sangue, mas também os seus níveis de colesterol. Siga as instruções do seu médico para manter os níveis de açúcar no sangue sob controle, bem como do colesterol, triglicérides totais e pressão arterial pelo menos uma vez ao ano.
3. Depois de uma refeição, faça uma caminhada
O exercício físico é fundamental para manter seus níveis de açúcar no sangue sob controle e também para gerenciar o colesterol alto, podendo ajudar a aumentar os níveis de colesterol HDL, em alguns casos, e inclusive reduzir os níveis de colesterol LDL.
Provavelmente o exercício mais eficaz para controlar os níveis de açúcar no sangue é fazer uma caminhada depois de uma refeição. Um estudo realizado na Nova Zelândia publicado na Diabetologia relatou que a melhora nos níveis de açúcar no sangue foi “particularmente impressionante” quando os participantes caminharam após a refeição da noite. Esses participantes experimentaram uma redução maior de açúcar no sangue do que aqueles que apenas caminharam em qualquer outro momento.
Caminhar também é bom para o colesterol alto. Em um estudo publicado em 2013 na Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology, os pesquisadores relataram que a caminhada reduziu o colesterol alto em 7%, enquanto que a corrida reduziu em 4,3%.
Além da caminhada após as refeições, também é importante fazer exercícios aeróbicos por cerca de 30 minutos diariamente, cinco vezes por semana.
Em uma revisão de estudo de 2014 publicada na revista Sports Medicine, os pesquisadores descobriram que a atividade aeróbica de intensidade moderada pode ser tão eficaz quanto as de alta intensidade quando se trata de otimizar os níveis de colesterol. Tente incorporar algumas vigorosas caminhadas, ciclismo, natação ou tênis em sua rotina. Suba as escadas, ande de bicicleta ou junte-se aos amigos para praticar esportes.
O exercício aeróbico também é benéfico para pessoas com diabetes. Um estudo de 2007 publicado na revista PLoS One relatou que ajudou a reduzir os níveis de HbA1c em pacientes com diabetes tipo 2. Outro estudo publicado no Diabetes Care descobriu que o treinamento físico ajudou a reduzir a circunferência da cintura e os níveis de HbA1c.
4. Faça musculação
À medida que as pessoas envelhecem, naturalmente perdem o tônus muscular, e isso não é bom para a saúde geral nem para a saúde cardiovascular. Uma maneira de resistir a essa mudança é colocando a musculação em sua programação semanal.
Pesquisadores do estudo Diabetes Care relataram que o treinamento de resistência, ou treinamento com pesos, era uma maneira eficaz de controlar o colesterol. Pesquisadores relataram que pessoas que combinaram exercícios aeróbicos com musculação melhoraram seus níveis de açúcar no sangue.
5. Planeje refeições saudáveis
Se você tem diabetes, provavelmente já fez alterações em sua dieta para ajudar a manter os níveis de açúcar no sangue baixos, mas se também tem colesterol alto, essa dieta ainda funcionará. Apenas deverá fazer algumas modificações, como limitar as gorduras insalubres como as de carne vermelha e laticínios integrais e escolher mais gorduras benéficas para o coração, como as encontradas em carnes magras, nozes, peixe, abacate, azeite e semente de linhaça.
6. Cuide da sua saúde
Mesmo se você for uma pessoa cuidadosa, ao controlar tanto o nível de açúcar quanto o colesterol no sangue, a diabetes pode afetar outras partes do corpo com o tempo, por isso é muito importante cuidar de vários outros aspectos da sua saúde, como por exemplo o seu sistema imunológico, olhos, dentes, pés, etc.
Diabetes e colesterol podem ser cuidados e evitados, lembre-se sempre de fazer exames e se consultar com o seu médico.
Referências adicionais:
- https://www.ctsu.ox.ac.uk/news/study-sheds-light-on-link-between-cholesterol-and-diabetes
- http://care.diabetesjournals.org/content/25/9/1511
- https://www.ontrackdiabetes.com/related-conditions/cholesterol/cholesterol-diabetes
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5241768/
Você já imaginava que diabetes e colesterol tinham uma relação? Possui alguma dessas condições de saúde, ou até mesmo ambas? Comente abaixo!
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